29 setembro, 2010

Trend Wishlist #4: Gola Rolê – Turtle / Polo Neck

É interessante observar como um item se reinventa ao longo da história. A gola rolê é um bom exemplo. A peça começou a ser utilizada por marinheiros e faxineiros na virada do século XX e nunca tinha sido muito associada a looks formais. Com o tempo ela passou a se tornar aceita como uma espécie de roupa casual e no desenrolar das décadas, se tornou uma opção àqueles que desejavam parecer mais bem compostos, porém sem perder o toque de casualidade, efeito causado pela escola mais tradicional da blusa de colarinho comum acompanhada de gravata.

A tendência macro para a estação que recém virou na Europa – mas especificamente na semana passada, quando aqui no Hemisfério Sul entrou-se na Primavera e eles por lá entraram no Outono – é voltada para o que é especificado denominado retrô-chic: a elegância das décadas passadas que retorna com releitura mais contemporânea e atualizada. Isso não é novidade para muita gente, mas dentro dessa maxi-tendência há algumas micro tendências que podem ser claramente observadas e sistematizadas – e a gola rolê, ou ainda em inglês turtle (EUA) ou polo (Inglaterra) neck, está incluída nesse pacote.

Não foram poucas as marcas que apostaram na peça como item de desejo de consumo aos homens para o outono deste ano. Para exemplificar o quadro da tendência, cita-se grifes como Louis Vuitton, Bottega Veneta, Calvin Klein, Gianfranco Ferré, Jil Sander, Tommy Hilfiger e Versace, dentre muitas outras que lançaram a peça, que pelo visto promete pipocar nos street styles europeus dentro de pouco tempo.

Grifes que apostaram na gola rolê

Da esquerda para a direita: Bottega Veneta, Versace, Calvin Klein Collection e Gianfranco Ferré, todas em sua coleção Fall 2010.

Outras marcas que também desfilaram a peça

Também em sequência: Jil Sander, Louis Vuitton e Tommy Hilfiger, também na coleção Fall 2010.

Nas revistas e campanhas publicitárias o panorama tem sido o mesmo nos meses de agosto e setembro, nos quais elas se voltaram para a nova temporada e dão destaque a tais micro-tendências citadas. Dessa forma, a Número Hommes, Engine e Cafe Magazine, Details e Fall Boys são alguns exemplos de publicações que expuseram bem a tendência na atmosfera do requinte minimalista que a estação em si vem sentindo. O catálogo da Barneys e a campanha da Simon Spurr também apostaram nas turtlenecks.

Campanhas e editoriais que exploraram o turtleneck

Campanhas e editoriais que exploraram o item

O interessante da peça é justamente essa proposição aparente de uma simplicidade casual que associada a outros itens-chave como blazers de tweed, boinas, sapatos Oxford e luvas de couro, dão um equilíbrio certo a looks que poderiam parecer demasiados sérios ou formais, mas que sendo regulados e balanceados da maneira correta ficam modernos, elegantes e pouco espalhafatosos a quem observa.

Mais publicações

Acima, mais publicações, da esquerda para a direita: Campanha Bergdorf Goodman Fall 2010 (utilizando Gucci no anúncio), Catálogo Barneys Fall 2010 e editoriais para Fall Boys e Engine China September 2010

Scott Schuman, fotógrafo favorito do blog e autor do The Sartorialist, expôs muito bem esse ímpeto de tendência ainda na semana de moda de Milão no início do ano. O trendsetter na foto apresenta uma combinação de blazer com lenço e luvas que poderia ficar extremamente formal se não fossem o toque de cor e a gola rolê. A composição não beirou o casual, mas ficou divertida, atual. O estilo está na forma como se usa uma roupa e não apenas naquilo que ela é à primeira vista. A graça da moda está em você utilizar combinações de formas pouco habituais, desautomatizadas, que causam surpresa e impactam, de maneira positiva, os que estão ao seu redor.

Trendesetter clicado por Scott Schuman

Scott Schuman clica trendsetter na Milan Fashion Week Menswear de Janeiro deste ano

A tendência das golas rolê ainda é só para o frio do ano que vem em terras brasileiras, mas e para o leitor, gerou ou não gerou desejo de consumo?

27 setembro, 2010

Trend Report #2: London Fashion Week

London’s Hottest News

A semana de moda Londrina terminou há exatos cinco dias, no dia 22 de setembro e em seu encerramento aconteceu o Menswear Day, um dia dedicado exclusivamente à moda masculina. Embora nove grifes tenham apresentado suas coleções de Primavera-Verão 2011, apenas três realmente chamaram a atenção do blog que preparou um trend report baseado naquilo que mais parece adequado a utilizar-se no dia-a-dia e realmente desperta desejo de consumo para os homens. As marcas escolhidas são a Topman Design, gigante inglesa parte do conglomerado da Topshop; a grife de John Rocha e por fim, mas não menos importante, James Long.


Topman Design – O floral print, o tricô, os worker-accessories e a cintura-alta.

A fast-fashion mais adorada e famosa do mundo apresentou a coleção exclusiva da marca num desfile bacana e que apesar de não apresentar ideias 100% inovadoras, que de certa forma já tinham sido exploradas por outras grifes durante a semana de Milão, mostrou tendências de uma maneira mais adequada à realidade do homem cotidiano sem cair no lugar-comum.

As principais tendências foram o floral-print por baixo de terninhos em corte clássico, o tricô que vem se apresentando como uma direção geral da temporada, material de pára-quedas em casacos e bermudas, além de acessórios como releituras da tão estigmatizada pochete e cintos com um toque rústico, de couro envelhecido.

Floral print, material de pára-quedas e worker-accesories

O floral print, os acessórios rústicos e a releitura da pochete propostos pela Topman Design

Mas o que mais chamou a atenção provavelmente foi a cintura-alta. Particularmente agradou-me muito o que vi e na mesma hora senti vontade de comprar uma calça ou bermuda com o cós alto. A maneira apresentada pela marca não ficou caricata e nem efeminou o homem – pelo contrário, o styling que misturou knitwear com botas mais pesadas deu um look bem interessante e masculino para os modelos, rendendo suspiros ao blogueiro que obviamente está atrás de um exemplar do item para a próxima estação.

Cintura Alta + Knitwear

A proposta mais realista da cintura-alta masculina - conquistou o blogueiro, e vocês?

John Rocha – Desconstrução de alfaiataria em mix com streetwear

John Rocha apresentou uma desconstrução interessante de ternos que brincava com a mistura de itens de streetwear: paletós com abotoação assimétrica e sem mangas, tecidos vazados, colarinhos diferentes que fugiam do óbvio. Fora isso, também seguindo a linha da temporada, ele utilizou bastante a combinação blazer + bermuda, o que dava a descontração na proposta da coleção. Os sapatos foram uma mistura de botas militares com uma pegada de gladiadora, uma boa opção criativa na opinião do blog.

Formas inventivas no John Rocha

Formas desconstruídas na alfaiataria de John Rocha

Embora tenha optado por uma coleção quase que monocromática, com aparições tímidas do branco em meio à imensidão do preto, as formas inventivas e incomuns também geraram desejo de consumo numa avaliação final quando comparada com as outras grifes.

Tecidos vazados e paletós sem mangas

Tecidos vazados e paletós sem mangas acrescentaram toque informal à coleção

James Long – Abstracionismo, tricô e couro

A coleção de James Long talvez tenha sido a mais chamativa do Menswear Day. Utilizando uma inspiração abstracionista, o designer apostou em borrões de tinta como estampa para suas peças: uma verdadeira miscelânia de cores que se sobrepunham e criavam efeitos interessantes em todo o tipo de item, das blusas à calças desfiladas.

Abstracionismo e Couro

O abstracionismo foi a base do desfile de James Long

Somada a influência a casaquinhos de tricô e lã vazados, detonados e felpudos e ao couro que apareceu em peças como jaquetas e bermudas, o desfile ganhou a conotação mais rebelde mas que contrastava com uma modelagem mais sóbria, além de uma palheta de cores que embora passeasse por tons escuros, por muitas vezes puxava ao roxo, ao salmão e ao amarelo, o que equilibrava a passarela. Nos pés, a anklee boot de camurça (item que vai ganhar post especial aqui no blog) fechou o styling.

Abstracionismo e Knitwear

Misturando a abstração dos borrões de tinta ao knitwear destroyed o designer conseguiu uma pegada rebelde, porém contida em sua coleção


E aí, o que causou mais frisson e desejo no leitor?

26 setembro, 2010

Wassup’ Cool #2: Clement Chabernaud

O modelo número 8 no ranking do Models.com é de origem francesa, tem 1,83m de altura, olhos azuis e cabelos louros. De quem se trata? Clement Chabernaud. O jovem rapaz parece estar cada vez mais próximo ao ápice de sua carreira. Para se ter uma ideia ele é um dos rostos favoritos da grife de Jil Sander (estilista alemã que o blog adora), da Balmain e da Roberto Cavalli, além de ter cada vez mais bookado desfiles e saído como destaque na mídia impressa.

Trabalhos na mídia impressa

Da esquerda para a direita: para a Fantastic Man e para a GQ Style Rússia - ambas publicações do mês de setembro

Nos últimos meses ele estampou cerca de 10 editoriais em revistas renomadas como a W, Velvet, L’Officiel Hommes Itália, Man About Town, Fantastic Man e GQ Style – na qual inclusive ele é capa da edição especial de outono-inverno 2010/11 do Reino Unido. Quanto às campanhas, ele estrelou na temporada atual para a Prada (e Prada Men) e para a Gianfranco Ferré, além de ser parte do casting escolhido para o lookbook F/W da H&M.

Na capa para GQ Style UKLookbook da H&M F/W

À esquerda, na capa para GQ Style UK, à direita no Lookbook H&M F/W 2010-11

Clement, todavia, não é um modelo inexperiente. Ele já desfila há tempos mas ultimamente tem ganhado muito mais destaque e espaço em editoriais de moda e em campanhas publicitárias – o que demonstra que ele é mais do que uma arara-humana e tem personalidade e beleza para ser o rosto que vende uma marca. Na verdade, seu rosto é um dos highlights no trabalho do modelo. Os traços fortes do maxilar, olhar misterioso e atitude em fotos são com certeza fatores que o fizeram saltar das passarelas para as revistas com maior assiduidade.

Para Gianfranco Ferré

Para a campanha da Gianfranco Ferré Fall 2010

Para Prada e Balmain respectivamente

Campanhas Prada Fall 2010 e Balmain Hommes Spring 2010, respectivamente

Na temporada de desfiles para a primavera-verão ele bookou desfiles importantes como Lacoste, Prada, Raf Simon, Gianfranco Ferré e como sempre, Jil Sander. Que ele tem potencial ninguém duvida, e que está abraçando o mundo com velocidade é um fato em consumação. E você, também vê uma ascensão ainda maior na carreira de Clement Chabernaud?

Nas passarelas

23 setembro, 2010

Get the Trend #1: Tank Tops + Colourful + Docksides + Old Fashioned Belts

Get Trendy

É fato confirmado que os cariocas sofrem para manter a linha na hora de se vestir quando o verão chega por aqui. Alguns amigos e conhecidos comentaram comigo que gostariam de ver como a tendência se parece mais na vida real, de alguém que more no Rio e mesmo assim mantenha-se num mesmo padrão de se vestir mesmo durante o verão. No fim de semana passado estive com meu amigo Eduardo Magalhães (você encontra ele aqui no Twitter e também no Facebook), fotógrafo e colega de faculdade e fizemos algumas fotos para ilustrar ao leitor do blog como seria isso na prática: tanto algumas tendências que já foram faladas aqui – como o toque de cor e os docksides – quanto aquelas que são de certa forma estabilizadas a cada verão – os chamados itens sazonais – como as tank tops, as conhecidas regatas.

Pode soar esquisito a quem ouça de maneira mais despercebida, mas a regata não é destinada apenas àqueles que tem corpos mais definidos. Eu mesmo não sou exemplo algum de idealismo corporal e me aventurei a usar essa tank top que filei de meu pai. A dica está em usar ela com alguma peça de roupa skinny e geralmente em uma modelagem que seja maior daquilo que normalmente está acostumado a vestir. Ou seja, não importa muito se você é magricela ou mais encorpado porque a camiseta não vai modelar seu corpo e ainda vai dar um visual fresco da estação. Sendo a peça maior que a modelagem habitual, quem usa ainda consegue um efeito interessante da gola e pode usar com um blazer por cima (nos primeiros dias da primavera, que ainda não são insuportavelmente quentes), como fiz na primeira foto e descolar um visual mais moderno.

O cinto trançado é outro acessório em alta. Na onda do retrô que a moda vem sentindo fortemente nessa mais recente temporada, somada às tendências campestres que já foram citadas aqui, os twisted belts fazem bonito também.

Como uma imagem vale mais que mil palavras, deixo-lhes com as fotos que fizemos.

Blazer + Tank Top + Lenço + Colourful Pants + Dockside

Look Completo - Calça colorida, tank top, blazer e dockside. A regata com o blazer e o lenço no bolso dão o ar moderno da composição.

Tank Top + Cinto Trançado

Tank Top + Cinto Trançado

A dica é usar o cinto um pouco maior do que o comprimento da cintura e deixá-lo um pouco caído ou amarrado nele mesmo. A tank top por dentro da calça deixa o look num visual atual e dá frescor.

E aí, get the look?

21 setembro, 2010

Trend Wishlist #3: Overall – Macacão para homens

Das linhas de montagem aos guarda-roupas fashionistas

O mercado da moda tem ido em busca de referências para si nos mais variados ambientes e realidades. É uma procura da novidade, uma exploração do desconhecido para o consumidor acostumado com alguns temas banalizados da cidade. O vintage-chic, o campestre, o minimal, todas as tendências atuais visam, de certa forma, trazer ao cliente essa experiência do incomum, do desconhecido – do “novo”, mesmo que a moda seja cíclica e apresente releituras de estilos de épocas passadas, quando uma tendência se reapresenta ela passa a ser nova para quem vive durante tal época – e despertar um desejo de consumo sobre algum item. Afinal, tudo aquilo que não se sabe sobre é alvo de curiosidade e desperta, em geral, vontade de consumo.

Isso é ainda mais aguçado quando a inspiração vem de ambientes criativos e inovadores com releituras interessantes, como o militarismo dos coturnos e ombreiras das temporadas passadas que tanto se confirmou como tendência mais do que bem aceita pelos consumidores. O overall também é um exemplo de um possível movimento parecido nas direções do consumo da moda masculina. Tradicionalmente, o macacão masculino sempre esteve associado às fábricas nas décadas de 20 e 30, e posteriormente ao mecânico de carros. A ideia de trazer uma releitura para a moda despertou, ainda que singelamente, o interesse de alguns designers ultimamente.

Charlie Chaplin em

Ele vem chegando devagar, mas vai tomando seu lugar aos poucos. Tem duas modelagens básicas: os dungarees ou bib-and-brace, que aqui no Brasil são chamados de jardineira e são feitos geralmente de jeans e contam com dois suspensórios que seguram-no à altura do tórax; e os boilersuits, nos quais o material de fabricação varia de algodão a linho dentre outros tecidos mais pesados e resistentes, e têm mangas compridas além de serem fechados até a altura do pescoço. O macacão sempre esteve atrelado à ideia da proteção do trabalhador na hora de se lidar com utensílios que pudessem danificar ou sujar a roupa do operário ou até mesmo machucá-lo.

Dexy's Midnight Runners

Dexy's Midnight Runners – Banda dos anos 80 conhecida por um clássico visual de dungarees

O bacana da peça para o verão é justamente a simplicidade que reside nesse lado do pouco sofisticado que acompanha a sua origem. Embora a moda já tivesse incorporado os overalls por volta da década de 70 e eles tenham sido sucesso absoluto durante os anos 80, fazendo parte do visual de muitos ícones fashionistas da mídia, ele vinha um pouco apagado nas últimas estações. Scott Schumann, autor do street style favorito do blog, o The Sartorialist, fotografou durante a NYFW um mecânico que me serviu de inspiração para a feitura desse post. Já venho percebendo a tendência há certo tempo, embora ela ainda seja paulatina. A Topman disponibilizou na última coleção alguns “worker jeans” que contavam com boilersuits e jardineiras em jeans.

The Sartorialist e YSL - Overall trendy?

Também durante a Semana de Moda de Nova Iorque, General Idea, Rag and Bone, Patrik Ervell e Robert Geller foram algum dos nomes que desfilaram o macacão masculino (como foi visto no trend report do blog, aqui). E não para por aí. A Yves Saint Laurent apresentou no “Manifesto” de sua coleção (a forma como escolheu para a campanha desta temporada) de outono o modelo Ian O’Brien vestido com um boilersuit muito refinado que é inclusive acompanhado de um paletó. Uma forma muito interessante de utilizá-lo e retirá-lo de seu lugar comum.

Rag and Bone e Robert Geller

Rag and Bone à esquerda e Robert Geller à direita, os outros looks você também encontra no trend report Menswear da NYFW.

É verdade, há tempos que o macacão feminino, em releituras bem modernas e desconstruídas do que é o macacão operário, vem com toda a força no que diz respeito à moda delas. Mas para nós, homens, a ideia é fresca e resgata alguma nostalgia da simplicidade fabril do início do século XX. Ainda mais porque, senso de estilo com itens muito básicos é fundamental, o que o deixa ainda mais atraente: é como um desafio a quem o usa – fazer aquilo que aparentemente é sem graça se tornar algo criativo, interessante para quem vê.

Street Style

Infelizmente no Brasil modelos jardineira são encontradas apenas em modelagens femininas e boilersuits nem dão sinal de vida, por enquanto. Resta esperar e buscar em brechós ou na gringa, mas sendo esse um direcionamento muito recente e ainda não confirmado 100% pelo mercado, poucas marcas disponibilizaram o item. E aí, o overall pega ou não pega? Porque pra mim é objeto de desejo desde já!

18 setembro, 2010

Trend Report #1: New York Fashion Week Menswear

A semana de moda de Nova Iorque terminou na última quinta-feira, dia 16 de setembro. A London Fashion Week emendou no calendário e já começou ontem, dia 17. Quando todo o calendário da moda se concluir o Tu Estilo vai fazer um trend report completo com todas as apostas e tendências masculinas da temporada gringa, mas por enquanto vocês ficam com um guide look visual do melhor que foi desfilado. Deixando claro que o que está aqui são apenas algumas apostas pessoais do que será tendência e do que achei mais bacana e relevante para o leitor. Algumas tendências confirmadas como o jeanswear e o colourful não entraram no post porque já foram citados anteriormente por aqui.


Menswear Trend: Couro e Cintura Marcada


Menswear Trend: Maxi Comprimentos e Overalls


Menswear Trend: Preppy Style e Transparências


E aí, para vocês o que pega e o que não pegam, e quais os melhores looks? Meus favoritos são a camisa de couro com terno e a cintura marcada preta de Philip Lim junto com o preppy colorido e sóbrio de Perry Ellis. E os seus?

15 setembro, 2010

Wassup' Cool #1: Simplicity is the new black

A Moda árcade no sentido do basic-simple

Foi a Chanel que primeiro lançou uma coleção toda inspirada em temas campestres, árcades, que apostou numa aproximação entre homem e natureza e numa fuga da cidade grande, correto? Errado.

O panorama atual do mundo da moda se dá de uma forma bem diferente da maneira como ocorria há alguns anos. Antigamente, havia um fluxo unilateral de informação, a indústria tradicional era vinda de cima para baixo, na qual o consumidor era visto apenas como uma simples parte do processo final da concepção de uma coleção: seu papel era apenas comprar. A moda é talvez o símbolo desse sistema no qual os criadores de novos produtos são vistos como reais deuses e o que está dito é palavra final, término da história. Todavia, a situação com a massificação da internet veio mudando num ritmo assustadoramente rápido na última década.

Nova Dinâmica do Mercado

Não falo isso por mim. A própria Anna Dello Russo, editora criativa de moda à frente da da Vogue Nippon, confirmou o fato em uma entrevista ao portal FFW. A internet e o fluxo de informações cada vez mais rápidas têm permitido trocas nas duas direções da antiga seta que ia exclusivamente do produtor ao comprador de bens e serviços. Quem consome passou a ter papel ativo na hora da concepção de um produto final. Isso é, sem dúvida, muito positivo aos dois polos interessados no processo da produção e venda em si. As marcas, por sua vez, podem entender melhor o que o consumidor deseja e necessita e visa sempre proporcionar a melhor experiência que o fideliza e garante lucros a longo prazo. Ao passo que, quem compra, tem uma maior garantia de encontrar em um determinado bem de consumo exatamente aquilo que deseja, que represente sua realidade vivida àquele momento. É assim que o mercado está andando atualmente.

Chanel não é boba. Se fosse, não teria o tamanho e a influência que detém na indústria indumentária há décadas. E o motivo de toda essa volta que dei para explicar o que significa essa tendência não só da Chanel mas da moda em geral da simplicidade e do básico foi justamente explicar que esse é um movimento da sociedade de consumo, não das marcas. Ou seja, quem muda a concepção são os consumidores: são eles que estão pedindo esse afastamento das questões e da loucura da cidade grande, dos excessos, do carregamento quase que literalmente militar das últimas coleções de temporadas passadas. As grifes tem o papel de pedir ao setor de marketing pesquisar o processo em si e entender esse fluxo de informações. E é aí que a internet facilita muito um feedback necessário, visto ser um meio de comunicação de acesso global e que processa dados a uma velocidade fantasticamente alta.

Chanel e Ralph Lauren -

Há a constante crítica de que a moda é cíclica e de que as empresas só se valem disso para incentivar o consumismo exacerbado da população. E isto é, de certa forma, verdade. É mais uma vez que toco na tecla de que a moda é uma indústria como qualquer outra e precisa sim de consumo, embora muitas pessoas, principalmente as que observam os fluxos de fora, enxerguem-na como um mundo de puro glamour, dinheiro e romance. É verdade, há glamour, dinheiro e romance, assim como há crises, falências, desemprego. A era da informação tem deixado isso um pouco mais claro para o consumidor. E este tem se cansado um pouco desse processo de consumismo desenfreado e sem aferição de consequências. A crise mundial veio como um alerta para muitos países.

É nesse sentido que muitos repensaram seus valores: o que é e para que serve a moda? Antes de ser uma indústria, é verdade, a moda é uma expressão artística tanto para quem cria como para quem consome. É uma maneira de comunicar ao mundo seus valores, quem você é, uma espécie de sorriso ou de cartão de visitas que gera a primeira impressão antes mesmo de abrir-se a boca e impressionar com algum discurso, um processo que envolve criatividade. E a criatividade precisa, naturalmente, de tempo para ser testada, experimentada. Não adianta tentar enfiar goela abaixo do consumidor num ritmo frenético, non-stop porque o resultado já começa a aparecer: há uma hora em que o limite de saturação chega e aí os mercados são obrigados a buscar novos rumos.

Na onda do consumo consciente, do environment, do think green, as coleções vem seguindo a linha do basic-simple. Pegadas rurais, campestres, o cowboy, tons claros, linhas minimalistas, palheta de cores relacionadas à terra – toda a atmosfera que conecta o homem da cidade com o homem que ele busca ser, ao homem do campo, à inocência e à simplicidade. Tudo isso está relacionado ao comportamento do consumidor que é minuciosamente estudado pelas marcas e garante a ele mesmo que, no fim das contas, esteja consumindo aquilo que representa a sua realidade em determinado momento.

Arcadismo em editoriais

Alguns desfiles que acompanhei na semana de moda de Nova Iorque da temporada Spring 2011, que termina amanhã, dia 16 de setembro, representam bem isso. Sejam de cunho minimalista, que ainda preservam uma imagem austera e refinada da moda, sejam mais voltados para o básico dos brancos, a maior parte do movimento se dá nesse sentido de uma sociedade mais branda, em busca de roupas com maior durabilidade, num padrão menos consumista e mais consciente, duradouro. Empresas se adaptam a isso e o mercado tende a seguir um certo equilíbrio com roupas mais acessíveis a preços idem.

Alexander Wang e Cristian Siriano, por exemplo, apresentaram coleções baseadas em tons claros, brancos e formas soltas, resgatando o frescor da primavera. Diane Von Furstenberg apostou também em um shape mais armado e descolado da silhueta além de propor estampas que beiram o étnico e cores bem variadas. Por fim, a Tommy Hilfiger apresentou uma coleção muito viva, mesmo que ainda em uma modelagem mais tradicional baseada na alfaiataria e em formas mais sérias e tradicionais, o designer mostrou uma palheta aberta, divertida.

NYFW

Termino esse post com a certeza de que vou receber duras críticas. É difícil expor a minha ideia sobre moda e às vezes posso parecer cético demais sobre mudanças mas, na realidade, acredito que a sociedade como um todo vem mudando e para melhor. A crise econômica veio como um alerta para um sistema em declínio que vem mudando progressivamente. Na minha opinião, o mundo tem saída sim e a tendência é somente melhorar. E vocês, continuam céticos, ou creem num planeta mais equilibrado?

12 setembro, 2010

Trend Bought #4 UPDATE: Jeans and Colourful

Essa semana resolvi dar uma volta pelas fast-fashion brasileiras da vida e acabei me surpreendendo com a quantidade de coisas bacanas que encontrei. Minha primeira parada foi na C&A da Rua do Ouvidor, aqui no Centro do Rio de Janeiro. Me surpreendi de cara com a quantidade de peças femininas bonitas logo na entrada da loja que estava com uma vitrine muito bem montada e interessante: uma mistura da coleção campestre com a Total Jeans.

Mas que as lojas populares estão se repaginando e virando parada usual na vida de fashionistas Brasil adentro todos já sabem. O que acontece é que geralmente isso só se dá no guarda-roupa feminino. A coisa que realmente me impressionou foi subir para o andar masculino e encontrar mais de uma peça que realmente me despertou desejo de compra e me fez ficar quase uma hora entre procurar, experimentar e decidir o que levar. Afinal, budget de estudante é apertado e fora isso, tem de consumir com uma certa responsabilidade, gosto de pensar bem no que estou procurando e atingir em cheio meu objetivo de compra.

A C&A está presente em mais de 20 países e veio pro Brasil em 1976. Nunca foi sinônimo de coisa muito apreciada pela classe média, sempre foi uma loja que atendia mais às classes C e D, mas nas últimas temporadas a equipe de marketing veio investindo pesadamente em uma nova segmentação de mercado, o que para nós, consumidores com bom gosto de sobra (olha a pretensão!) mas nem sempre com tanto dinheiro assim, é ótimo.

No final das contas, optei pela camisa JEANS de que havia falado no post anterior sobre o assunto. A costura nos ombros que remete justamente a essa coisa campestre e country de que havia comentado também foi meio o fator decisivo para levá-la. A lavagem em dégradé na frente foi a única coisa que não me agradou muito, mas como eu geralmente uso ela pra dentro da calça, resolvi comprá-la. Custou R$69,90 o que para preço de fast fashion, considero caro – porém ainda assim, mais barata que em uma loja de grife. Procurei no site mais itens para postar aqui mas infelizmente só disponibilizam lá peças femininas. As outras camisas que pensei em levar tinham um corte parecido, a mesma ideia em tonalidades e lavagens diferentes, com o preço igual.

Jeans Power

Minha segunda visita foi à Leader Magazine do Botafogo Praia Shopping, também aqui no Rio. Foi uma passada despretensiosa, visto dentre todas as lojas do ramo ela ser a “pior” e não tirando o mérito da loja, mas simplesmente porque ela não é 100% focada em roupas. Lá para homens estava realmente muito mais fraco que a C&A e a Renner (minha favorita). A Ana, minha amiga autora do Hoje Vou Assim OFF, me contou recentemente que a Leader foi comprada pelo mesmo grupo da Renner o que tem feito ela mudar de segmentação no mesmo sentido.

Ainda assim, seguindo minha wishlist sobre o post COLOURFUL encontrei uma calça jeans num corte muito bacana nas cores vermelha (a que preferi no corpo e consequentemente a que levei) e azul navy. E o preço, melhor ainda: apenas R$59,90! E o que reparei também é que não foi preciso “garimpar” ou procurar como um louco entre araras desconexas e mal organizadas. As calças estavam bem posicionadas e havia muitos itens bacanas para mulheres. Além disso havia DOCKISDES e mocassins numa faixa de R$69,90 e R$79,90, preços bem plausíveis para sapatos.

Colourful Trousers

Começo essa nova semana satisfeito da vida com as novas aquisições e cada vez mais esperançoso quanto a essa democratização de ideias e preços que a indústria da moda brasileira vem sofrendo ultimamente. E aí, o que está esperando para garantir seu look do verão?

PS: Gostaria de pedir desculpas pela falta de fotos nesse post, mas ainda estou sem celular e os sites dessas marcas não disponibilizam fotos das coleções masculinas ou fotos das peças em si.

08 setembro, 2010

Trend Wishlist #2: A Fresh Touch of COLOURS!

Cores, cores e mais cores!

Saiu na Vogue Hommes International, nas semanas de moda brasileiras, na Lacoste e Jil Sander e ainda é tendência confirmada nos street styles ao redor do mundo: a primavera e o verão deste ano estão coloridíssimos.

Depois da última temporada de inverno, em que os tons estavam super carregados com inspirações do rock e militaristas, parece entendível essa guinada no sentido uma palheta mais aberta das cores. E não que no último verão a tendência já não tenha sido observada, mas parece que a aderência nas ruas só se deu efetivamente no quase terminado verão europeu.

Street Style Comprova a Tendência

Aqui no Brasil, Redley, Ausländer, British Colony dentre outras marcas foram exemplos das marcas que apostaram nas cores para a estação ensolarada. E não é pra menos. A moda brasileira sempre teve como highlight seu destaque para cores e estampados bonitos. Na gringa, além da Lacoste que lançou sua campanha especial de outono intitulado “Un peu d’air sur terre”, que visava buscar justamente essa leveza trazida pelo colorido, Jil Sander lançou uma coleção basicamente focada no jogo de cores sobre cores para a temporada europeia do ano que vem.

Marcas Brasileiras que Apostaram na Tendência

A Vogue Hommes International (Spring-Summer 2010) também lançou um editorial especial entitulado “Chromo Zone” com peças de várias grifes consagradas como Paul Smith, Louis Vuitton e Salvatore Ferragamo no qual apostava com todas as fichas nesse aparente excesso de cores. Um excesso que, pessoalmente, acho que já passou. Creio que a dica para o próximo verão são as cores em tonalidades mais suaves e em cortes idem. Alfaiataria, sarja e modelagem menos seca são mais propícias a serem bem aceitas nas ruas, seguindo essa mesma onda de “purificação romântica” que a temporada sentiu bem fortemente ultimamente. A Fiasco Magazine também investiu em dois editoriais (em um deles estrelando Cole Mohr) em que também apresentou peças da Lacoste e Paul Smith, além de outros nomes importantes como Dolce & Gabanna.

Fiasco Mag & Vogue Hommes International

Daí vão vir com a já conhecida (e coerente, todavia) reclamação dos mais céticos sobre ao que se aproveitar das tendências da moda: mas e os pré-adolescentes brasileiros que se autoentitulam “coloridos”? Oras, é verdade, eles se apropriaram de calças skinny de todas as cores possíveis e você pode se passar por um desses pseudo rebeldes se não souber compor bem o seu look.

Lacoste: 'Un Peu D'Air Sur Terre'

E como isso? Eles são uma evolução da tribo urbana denominada “emos” e têm ainda um pouco da pegada rocker nos tênis, jaquetas etc. (por favor, não me xinguem, não pronunciei em momento algum que “coloridos” são grunges ou punks ok? Eu falei de pegada, leia-se, influência, releitura!). A dica para quem quiser apostar (assim como eu) em itens coloridos para o guarda-roupas (principalmente as calças) é de justamente tender a uma composição mais preppy (que ainda terá um post todo especial aqui no blog): calça e blusas de alfaiataria (por até ser sarja, mas o importante é procurar modelagens menos secas e se optarem por skinny, optar por um item mais clássico na escolha da parte de cima do look) gravatas, acessórios discretos e sapatos são uma garantia de que ninguém vai sair por aí te perguntando se você é fã de alguma dessas bandas precursoras desse modismo adolescente.

Jil Sander Spring 2011

Portanto, se você já estava antenado e pensando em comprar seus itens mais avivados, invista em vermelhos, azuis (navy ou claro), amarelos, rosas (salmão) e verdes. A Foxton, aqui no Rio, tem modelos a R$229,00 que vestem super bem. São de uma modelagem slim que eu particulamente achei que cai super bem com um dockside ou uma botinha de camurça cano alto para dar uma votla à tarde nesse início de primavera. A British Colony e a Redley também lançaram em suas coleções, mas confesso que ainda não tive tempo de ir checar pessoalmente preços e modelagens. Quando o fizer, posto um update cá o mais rápido possível, porque com certeza são um dos meus itens mais próximos do topo da minha wishlists de compras para a primavera e para o verão. E aí, apostam ou não nesse toque de cor?

02 setembro, 2010

Trend Bought #3: Clubmaster Sunglasses

Ray-Ban Clubmaster Sunglasses Style – Os queridinhos “browline glasses” dos anos 50 estão de volta

Desde o boom do modelo wayfarer em 2008, ele reinou por quase que absolutamente todas as temporadas de moda e ainda são os óculos de sol preferidos de muita gente. Também não é pra menos: depois do excesso do shape arredondado do modelo aviator, que também teve sua época de queridinho dos fashionistas e foi lançado por volta de 2004, quase que unanimemente as pessoas se converteram às linhas retas dos oitentisas wayfarers.

Saturação por saturação, as pessoas cansaram-se do wayfarer da mesma forma como um dia elas já haviam se cansado do aviator. Foi desde então que os modelos clubmaster vieram fazendo bonito no rosto de muita gente, principalmente no hemisfério norte. A Ray-Ban, responsável pelo lançamento âncora dos dois primeiros modelos citados, não ficou pra trás e relançou o mesmo modelo em dezembro do ano passado, que já foi bem popular nos anos 80.

Clubmaster Sunglasses

Como já dito, os clubmaster sunglasses foram lançados pela própria Ray-Ban durante os anos 80 e tinham como inspiração os browline glasses dos anos 50. Estes, por sua vez, foram uma criação de Jack Rohrbach, diretor de uma famosa indústria de óculos, a Shuron Ltd. e datam de 1947. Foram de longe responsáveis por metade da venda de óculos durante a década de 50 e são associados à cultura geek, que cá entre nós virou mainstream há certo tempo. O nome dos óculos fazem justamente alusão ao fato de a estrutura das hastes e da parte superior das lentes serem feitas de plástico e desenharem uma espécie de sobrancelha (eyebrow em inglês, daí o termo browline), visto a parte que segura a extremidade inferior das lentes ser feita de metal.

A venda do clubmaster no Brasil ainda é tímida, muito tímida diga-se de passagem. O wayfarer é considerado um dos maiores ícones do século XX e há quem diga que são os óculos mais usados e vendidos de todos os tempos. Realmente, retirar a coroa de quem impera por décadas não é tarefa das mais fáceis, mas no exterior a aceitação do novo modelo que tem o intuito de cumprir tal tarefa tem sido grande.

Street Style

A Topman e a Topshop (que infelizmente não entregam no Brasil ainda) lançaram na sua coleção de inverno 2009/2010 um modelo réplica por £16. Em uma passada à Topman garanti o meu. Mas sem desespero, porque a Urban Outfitters disponibiliza entrega pro Brasil por US$10 (sem taxas incluídas, com as taxas fica em US$30, o que vale a pena pro caso de uma compra maior) e vende os óculos a uma faixa de preço de US$15. Mas caso você se planeje para ir à Europa, Nova York ou alguma cidade do mundo com a presença da Topshop, a loja disponibiliza modelos a partir de £15, chegando por volta de £50. Se não quer comprar novo, uma andada em brechós é quase garantia de achá-lo.

Photobucket

Diz-se por aí que o clubmaster é mais difícil de se encaixar bem em um rosto que o wayfarer – a dica é pra quem tem rostos mais suaves “em forma de coração”, mas minha opinião particular é que ele consegue ter um caimento ainda melhor que o wayfarer: pra mim fica bem no rosto de praticamente todo mundo. O único cuidado é a combinação de um look mais preppy pra usar o acessório, caso contrario uma denotação hippie pode ser passada sem intenção. E aí, os clubmaster substituem ou não substituem os wayfarer nesse verão?

Trend Bought