Especial Jeans Revival 3.0 – O império do denim
Não é como se fosse novidade que o jeans está em alta. O tecido vem com toda a força há mais ou menos três temporadas, e de acordo com o desfile masculino da Prada esse ano, ainda teremos muito dele pela frente – o que significa alívio pra uns e desespero pra outros. Não é novidade pra ninguém o discurso mais do que escorregado de que “a moda é cíclica” ou “tudo o que vai volta”. É verdade, mas não é pelo simples fato da indústria gostar de antigos paradigmas e por isso querer resgatá-los. Por muito tempo observei a moda com um paixão que beirava a inocência. E não deixei de observá-la com paixão, apenas atentei-me aos fatos: a moda é também uma indústria e toda indústria, no intuito de se manter, precisa gerar consumo do que ela produz. O mundo veio caminhando de uma maneira tão rápida que talvez realmente designers tenham tido uma certa falta de tempo para deixarem as criações virem à tona e realmente, a repetição se faz necessária.
O jeans foi criado na segunda metade do século XIX na França, na região de Nimes. Com o passar do tempo, a expressão “de Nimes” servia para definir o tecido e por isso ele ficou conhecido apenas como “denim” na língua inglesa. Os maiores consumidores do produto àquela época eram os italianos de Gênova, chamados pelos franceses de “genes” e que posteriormente foram apelidados por estadunidenses como “jeans”. Levi Strauss foi o idealizador do material nos Estados Unidos, sendo este utilizado por mineiros por ser extremamente resistente e quase nunca precisar ser lavado.
No século XX, mais especificamente nos anos 70, a Calvin Klein foi a primeira grife que implantou o jeans à sua coleção e desfilou aquilo que seria talvez a mais usada das peças ao redor do mundo. Esse uso massivo do jeans está justamente ligado à versatilidade da peça e à sua durabilidade.
Em tempos de crise, o mercado da alta-costura, assim como a maior parte das indústrias, é duramente afetado. Principalmente em uma crise que vem de cima para baixo. O efeito dominó é sentido em todos os setores da economia e, mesmo que para muitos a moda seja apenas uma doce e romântica ilusão de glamour e futilidade, ela é uma indústria tão complexa como qualquer outra, que sofre de altos e baixos da mesma forma.
E o que isso tudo tem a ver com o jeans? O jeans é como dito anteriormente uma peça coringa. Vai bem com tudo e com todos e até os mais céticos sobre a sua utilização em ambientes mais formais já vão mudando suas colocações: não há como negar, o denim voltou a imperar não apenas no dia-a-dia das calças mas também em jaquetas, camisas, bermudas, macacões etc. É como uma segurança de que o investimento na peça será válido, a probabilidade do erro é menor o que é perfeito em época de recessão. Somado a isso, o revival do jeans mexe com os desejos de uma geração que tem afoito por itens vintage.
O resgate atual do jeans seguiu o mesmo ciclo da história da moda há 20 anos: primeiro chegaram discretamente as camisas oitentistas com uma lavagem bem clarinha e calças com a famosa acid wash. O styling das coleções foi direto: jeans com jeans foi e é a tendência. Seguindo a cronologia, os anos 90 mostram uma tonalidade mais escura nas camisas, o denim mais cru. As calças e jaquetas vieram menos secas – influência minimalista de formas mais estruturadas criaram silhuetas mais amplas mas nem por isso menos bonitas. Atualmente, a onda campestre também tem influenciado a moda do jeans. Cortes com a pegada rústica têm sido vistos em street styles com certa frequencia.
O que vale ressaltar é que o jeans providencia uma expressão de moda muito criativa. É básico, simples, denota alto valor de sex appeal e deixa que o consumidor use de uma forma ou de outra a peça, o que permite muita liberdade. É aí que mora o sucesso do jeans, talvez em seu terceiro ciclo de revival fashionista: primeiro nos anos 70, depois nos anos 80 e 90 e agora, na segunda década dos anos 2000. E além disso, ainda é democrático: está ao alcance de praticamente todo os tipos de consumidores de todas as classes sociais.
Portanto, vale abusar nessa próxima temporada da combinação jeans com jeans – jaqueta jeans com camisa jeans com calça jeans: quanto mais jeans, melhor. A dica de styling é focar na mesma cor do look – de preferência o azul – e usar looks monocromáticos, uma coisa bem anos 90. É possível também trabalhar com o jogo de tonalidades (escolher uma camisa mais clara e uma calça mais escura ou vice-versa). As jaquetas com pele (sintética!) aparente também estão em alta e podem ser encontradas na Topman e na Urban Outfitters.
Minha última aquisição foi na Renner (minha fast fashion nacional mais querida) por meros R$89,90 – uma skinny com uma lavagem escura tendendo ao dirty wash no cós e nos bolsos. Ela é minha companheira quase que diária junto a uma camisa de jeans clarinho bem 80s que comprei quando estava morando em Londres – na promoção da Topman por £15! Ela tinha costura interna de algodão, mas eu tirei e deixei ela bem fininha pro verão. Meu próximo intem da wishlist é uma camisa bem crua com uma pegada country, mas que infelizmente ainda não achei. Como o verão ainda não começou, tenho tempo suficiente pra fazer a busca. E vocês, já entraram na moda azul?